quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Discurso de eliminação do Rafa


Em um paredão de vilões, o Rafa se deu mal pois com 92% dos votos em uma disputa com Yuri ele, saiu.
Veja na integra o discurso de eliminação.
"Eu ia fazer um samba em homenagem à nata da malandragem, que conhecia de outros carnavais... Nem fui à Lapa, para não perder a viagem. Avisado pelo Chico, cercado do Malandrismo oficial, parti direto pro Planalto Central, em busca de gente que usa de outros expedientes pra nunca se dar mal.
Nem cheguei ao Distrito Federal. Parei em Goiânia, onde vaga pelas madrugadas o fantasma de outro herói: Macunaíma morreu ao tentarem lhe impor um caráter que nunca fora seu, nunca tivera.
Volta e meia, os dois fantasmas se encontram: o falecido malandro carioca abraça o finado herói nacional, e juntos assistem a alvoradas vorazes e crepúsculos sem escrúpulos.

Os herdeiros da orgulhosa tradição de vencer na vida sem fazer força fazem muita força pra disfarçar a força que fazem pra manter a fama de vagabundos. E, entre um paredão e outro, jogam pesado, usando a navalha da língua para esgrimir com seus adversários.
Se deixar falar, ele leva, no bico... Se deixar sorrir, ganha, e ganha beijo. No fim, e afinal, tornou-se então uma questão de peso e medida. Não pesar demais a mão, ter a medida da pilantragem.
Nesse jogo da vida, é um peso e uma medida. E a única medida a pesar é a presença da simpatia.
Simpatia é quando o malandro convida o freguês pra zoar junto.

Outrossim, não tem charme a simpatia quando vira ironia, perde a graça, e as graças da massa.
Nesse jogo da vida, é um peso e uma medida. Pesou, perdeu a medida, lá vem, o cavalo, o castigo.
É você já falou demais. Vem ouvir um bocado agora, aqui fora Rafa".

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